A “ilha” existe apenas durante os períodos em que as tartarugas flutuam à superfície, sobretudo a meio do dia, coincidindo com o final de um longo período de natação em profundidades não aquecidas pelos raios solares. Nestas alturas, a exposição da carapaça à superfície permite aos animais um rápido aquecimento.
No Mar Mediterrâneo ao largo da costa da Líbia existe uma “ilha” a que os pescadores da zona se referem como “ilha das tartarugas” e que até agora estava envolta em mistério devido às suas características variáveis.
Com efeito, a “ilha” nem sempre existe, e muda frequentemente de tamanho e de forma porque não passa de uma aglomeração de tartarugas-comuns, Caretta caretta, a boiar, cuja carapaça fica semi-emersa, formando uma superfície cujas de dimensões e contorno se alteram com frequência.
Uma vez que as tartarugas-comuns são conhecidas por passarem a maior parte do seu tempo submersas e a grandes profundidades, a razão da formação desta “ilha” era um verdadeiro mistério que nem a bióloga Sandra Hochscheid, que estuda a espécie há mais de 10 anos sabia explicar.
Assim, a investigadora iniciou um estudo em que equipou 10 tartarugas com dispositivos de seguimento para poder acompanhar todos os seus movimentos. Os resultados confirmaram que a espécie passa a maior parte do tempo submersa – 98% do dia. No entanto, 82% do tempo que passa à superfície coincide com o meio do dia.
Segundo averiguou Sandra Hochscheid, as tartarugas emergem à hora em que o sol está a pique, sobretudo depois de passarem grandes períodos submersas nadando em profundidades que a luz do sol não alcança e que, portanto, são zonas “frias”. Nestas alturas a emersão parcial da carapaça permite-lhes um rápido aquecimento – o que explica por que razão emergem em grande número à mesma hora.
Pelo contrário, e segundo o artigo publicado na revista Journal of Experimental Biology onde os resultados do estudo foram publicados, as subidas à superfície durante a noite ocorrem depois de longos períodos de imersão em que os animais consomem todo o oxigénio armazenado nos músculos que, continuando em esforço, produzem ácido láctico – as emersões nocturnas permite aos animais a eliminação do ácido láctico acumulado.
Fonte: http://www.sciencemag.org/
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